domingo, 14 de abril de 2013

esse tal de respeito

dois exemplos (reais, mas com alguma dramatização).
primeiro:
pessoa 1: te liguei pq hoje vai ter uma festa super, várias pessoas legais, lá na pqp de rodinha, vamos?
pessoa 2 (eu): ah, não tô afim...
pessoa 1: vamos, por favor, vai ser tão legal... mas pq vc não quer?
pessoa 2 (eu): pq eu não tô com vontade.
pessoa 1: ai, vamos, larga a mão de ser velha!
e nesse pique, a conversa se estende por assustadores 10 minutos. e mesmo que se mude de assunto, a pessoa invariavelmente:
vc tem certeza que não quer ir mesmo? vamos, vai.
segundo:
pessoa 1 (eu): te liguei pq hoje vai ter uma festa super, várias pessoas legais, lá na pqp de rodinha, vamos?
pessoa 2: ah, não tô afim...
pessoa 1 (eu): tá bom.

não, não sou uma santa, munida de paciência suprema (bem ao contrário), mas se tem algo que eu aprendi muito a respeitar foi a vontade alheia. aprendi que por mais que eu queira muito, não posso controlar o desejo do outro em relação a nada.
tem dia que dói e dá raiva. ou dava e doía, pq desde que comecei a aplicar esse princípio em várias coisas da vida... a dor, a raiva, a mágoa diminuíram.
com a minha filha. cada vez que ela não quer fazer o mesmo que eu, ou que tem alguma ideia diferente, ou quer ir por outro caminho, a gente conversa, troca ideias. se ela mudar, bom. as vezes, mudo eu o jeito de pensar. e as vezes nenhuma das duas muda, o que está bom, já que ELA É MINHA FILHA MAS NÃO É UMA EXTENSÃO DE MIM OU DAS MINHAS VONTADES. tem 15 anos. e se me lembro bem, com 15 anos eu desejava respeito.
ainda desejo. pq mesmo depois que a gente cresce, tem que lutar por isso o tempo todo. e não é "pq vc não se dá ao respeito", como se diz por aí. é pq aquele negócio que tem na cabeça das pessoas mas que se localiza no meio da barriga (o umbigo) constantemente faz com que ela se esqueça que o outro é ... outro.
daí bem aqui no meio do meu post eu lembrei do verme que enfiou a mão na saia da outra. ele não sabia se a outra queria, mas supôs, graças a sua visão totalmente distorcida dos direitos que possui, e fez. a outra, por sua vez, teve seu direito de não ter uma mão estranha na buceta dela, que não teve permissão para estar ali, totalmente desrespeitado. eu teria baixado o cacete no cara. ou, mais provável, ficaria tão chocada que voltaria chorando pra casa.
opa, mas espera: já enfiaram a mão em mim. eu tinha 16 anos, estava no metrô apertadíssimo e um cara achou que eu precisava de um carinho. desci tanta guardachuvada nele que, espero, ele nunca mais tenha ousado acarinhar alguém sem consentimento. pq isso é uma violência.
e eu posso ter me tornado uma grande xiita, mas forçar alguém, em qualquer circunstância a fazer o que não quer, é uma violência.