quinta-feira, 19 de setembro de 2013

i like to move it, move it

pensei em começar com um é difícil começar tudo de novo.
pq as vezes acho que tô cansada, e já passou da hora de sossegar, ficar quieta, parar de inventar moda.
aliás, um parênteses aqui. quando a bea era pequena e eu ficava cansada de tanta agitação, dizia: fica quieta, menina. mas ela não parava nunca, e pulava na cama, subia no encosto do sofá e eu irritada,essa menina não me obedece.
até que um dia, depois de uma senhora bronca, ela entendeu e me fez entender. mas mãe, vc nunca me disse pra ficar parada, vc diz pra eu ficar quieta e quieta eu sempre fico!
acho que finalmente aprendi o silêncio com ela. é tanta discrição com a própria vida e a dos outros que acaba influenciando. mas tá sempre pra lá e pra cá, mexendo esse cuzinho seco sem sossego, fazendo exercícios de balé, dançando na frente do espelho, alongando. daí que a gente aprende pelo exemplo e eu já nem sei mais quem é exemplo pra quem, mas no fim das contas, eu não sei mais ficar parada tbm. até dói o corpo.
então não é difícil começar de novo pra quem nunca fica parada. movimento é vício, mudança tbm.




e lembrei de outra coisa por causa do que escrevi aí em cima, pq pensei ai,saco, vão falar que mãe é que tem que ser exemplo e tal.
que preguiça de caga-regra.
lembrei de uma conhecida me dizendo que mãe tem que ser mãe e não amiga. e de como todo mundo sempre tem uma regra sobre o jeito certo de ser mãe.
caí nessa por 15 anos, sempre me perguntando, me culpando. depois (faz uns meses), me toquei que esse entendimento do que é ser mãe tbm é uma construção. e que não tenho mais que ficar me preocupando com o que os outros, influenciados por milhares de aspectos, entendem disso.
recebo olhares enviesados, é verdade. mas aqui entre nós duas a coisa não podia caminhar melhor. e acho que essa é toda resposta que tenho pra dar.





e todas essas voltas (tô campeã nas digressões hj) pra contar que tô de trabalho novo. e tô detestando.
ainda bem que sempre dá pra mudar. de trabalho ou de ideia.

sábado, 17 de agosto de 2013

hoje a gente vai pra parte meio confessional.

ontem estava conversando com um amigo que disse que sou "meio intelectual, meio de esquerda".
eu discordo muito disso.
não sou intelectual. meu estilo é bem mais o bobo alegre que qualquer outro.
quanto a ser de esquerda, até acho, mas queria mesmo era não entrar nessa caixinha aí.

mas o motivo disso é que outra amiga tava conversando comigo dizendo o quanto sou inocente com algumas coisas. como falo umas besteiras na inocência, e faço todo mundo rir e não me importo com o que estão pensando. meio que não é pra chocar, mas acaba surpreendendo.


pausa.

antes, eu não tinha nenhum filtro. depois, comecei a tomar cuidado com tudo que saia pela minha boca. agora deixo sair, assumindo o risco conscientemente.

tem gente que me acha louca? tem. que me acha chata? tem. sem noção? tbm. burra? e como tem!

se me acho louca, chata, sem noção, burra? as vezes.

na maioria delas, ufa, não acho.

a falta de filtro é uma escolha. a escolha de estar de um jeito diferente num mundo onde se pensa muito no que vai dizer, fazer. onde a gente não é o que é de verdade. então eu prefiro isso, de ser o que sou de verdade.

já fiz muito tipo.

já disfarcei o que pensava, o que sentia, o que gostava.

agora não. pq agora eu gosto de mim de verdade. e se alguém, uma pessoa que seja, puder gostar dessa eu de verdade, tá ótimo. melhor que um monte de gente gostando da máscara que estou usando.

(e meu amigo, no final das contas, concordou que sou uma boba alegre)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

tava conversando com a vó maria ontem. ela tem uma característica que eu invejo todos os dias, todas as vezes que a gente se encontra, que a gente conversa.
ela sonha.
tem esperança, sabe?
contei isso pra ela e a primeira resposta veio ligeira.
vc precisa desligar, relaxar, respirar, saber que tem a hora de parar...
percebi por qual caminho ela estava indo e cortei.
não é desse sonho que estou falando, vó. quando eu durmo, esse sonho aí, de gente que dorme, eu tenho.
ah (ela faz um ah diferente dos outros. não é um ah só de quem entende. mistura entendimento com lamento e algum ressentimento).
eu não sonho, vó. não planejo. não penso no futuro de jeito nenhum.
vc precisa desligar, relaxar, respirar, saber que tem a hora de parar... e sair desse computador, desses livros! sua cabeça tá sempre cheia com as ideias dos outros!
vixe.
ela tem alguma razão.

domingo, 26 de maio de 2013

deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo

já tentei quase tudo nessa vida em termos de religião.
algumas coisas, nem foi por conta própria, pelo menos no início. lá de onde eu nem tenho memória, sei que teve um batizado na igreja católica e outro no terreiro de umbanda, os dois quase ao mesmo tempo, na mesma época. coisas da minha vó maria, mulher porreta que encontra Deus em todos os lugares em que vai.
na infância, fiz catequese, chatíssima por sinal. todo sábado de manhã tendo aulas que eu não entendia. me lembro que entendia tão vagamente o conceito de pecado que, momentos antes da primeira comunhão, não sabia o que confessar ao padre. e depois, com a penitência em mãos, também não entendia o que tinha que pagar... até que uma amiga me fez ajoelhar e fingi que rezava, pq já havia esquecido qual era o preço dos meus pecados.
na adolescência, me revoltei com Deus. não tinha grande apreço por nenhuma religião e achava tudo uma grande fantasia dos homens. passei anos atéia, mas uma atéia em dúvida. nunca tive certeza de que Deus não existia. eu acreditava que não, mas certeza não tinha, e olha que interessante: essa crença me exigia fé, eu que achava que não tinha esse material.
já adulta, comecei a frequentar um centro espírita aqui perto de casa. ia sábado pela manhã, assistia palestras, tomava passes... acho bacana essa dinâmica de pessoas orando pelo bem de outra. é bonito, não é egoísta, deixa a gente um pouco longe do individualismo que não nos deixa pensar nos outros. mas daí, assisti uma palestrante metendo o pau em outras religiões e fiquei tão puta que nunca mais voltei.
e ironia da vida, fui parar numa igreja evangélica. ironia pq como é sabido, khaleesi, evangélicos acham que só eles estão corretos e só eles estão salvos (salvos de quê, senhor-da-glória-infinda!). ali, me joguei. me batizei novamente, pela primeira vez por escolha, apesar de não acreditar que era necessário: Deus sempre nos reconhece, oras. pensar que ele repudia alguém, dentro da doutrina dessas igrejas, é só mais um dos muitos enganos cometidos.
acabei deixando também a igreja evangélica, e o engraçado é que nem foi por falta de fé. foi por excesso mesmo. eu não via mais no discurso majoritário dentro desses espaços a coisa que pra mim deveria ser a mais importante: o amor pelos outros (por favor, não me acusem de pieguice).
nesses anos longe, tenho pensado um bocado sobre Deus. e percebi que não importa a forma que dão pra ele, ou que eu dou pra ele. essa mania de ter razão é tão irritante quanto desnecessária. percebi que gosto mesmo é do jeito da minha avó de crer.
por isso que, agora, vou experimentar o budismo.

p.s.: ainda não sei o que confessar para o padre.

sábado, 11 de maio de 2013

nunca deixe se levar por falsos líderes, todos eles se intitulam porta vozes da razão


"hei você que tem de 8 a 80 anos 

não fique aí perdido como ave 
sem destino
pouco importa a ousadia dos seus planos
eles podem vir da vivência de um ancião
ou da inocência de um menino
(...)
nunca deixe se levar por falsos líderes 
todos eles se intitulam porta vozes da razão
pouco importa o seu tráfico de influências
pois os compromissos assumidos quase sempre ganham 
subdimensão"

trecho de como diria dylan, zé geraldo

hoje eu quero escrever meio que um diário. apesar de íntimo, acho que diz respeito a questões coletivas.
fico especialmente sensível em abril e maio, não é segredo pra ninguém que me conheça. o motivo também é sabido e apesar de eu custar a admitir, tem tudo a ver com autopiedade.
que seja. anda passando. essa introdução só está aqui como forma de, talvez, minimizar a minha covardia.
aos fatos: na escola, tínhamos decidido entrar em greve a partir de segunda-feira. uma parte da escola, quase todo o período da manhã, do qual eu faço parte.
não era um desejo intenso da minha parte, uma crença total na efetividade da coisa. depois de anos com a greve sendo comandada pelo nosso difícil presidente do sindicato, com um histórico negativo, a pelega aqui não estava animada. e mais por culpa do que por engajamento, resolvi aderir.
na mesma noite, me arrependi, mas não podia voltar atrás. sabe quando você se sente massa de manobra? minha impressão é de que a categoria está sendo usada para atender a interesses políticos muito pessoais. pq, justo agora, o sindicato está sendo tão ferrenho na defesa do movimento? não é coincidência o presidente ser oposição ao atual governo, bem como não é coincidência ele ter sido da situação no anterior.
não sou oposição. não estou totalmente satisfeita, tenho vários questionamentos, não vejo mais o partido como eu via antes, mas ainda assim, não acredito nas outras alternativas, sequer nas que se declaram mais a esquerda. não confio em vanguardas, de um jeito ou de outro, elas sempre me cheiram a elite, ainda que sob um disfarce simpático.
acho as reivindicações muito justas. não discordo de absolutamente nenhuma. mas discordo do momento e da pressa em decretar greve.
esse meu coração se ressente de falas reacionárias, especialmente daquelas que não dão a cara para bater e se disfarçam de apoio ao movimento. e agora eu vou contar da direção da escola.
ontem, durante a jeif (uma espécie de reunião diária dos professores, pra quem não é iniciado), nosso diretor foi nos fazer uma proposta, que consistia em: já que iríamos aderir à greve, que garantíssemos os dias letivos de modo a não precisar repor com os alunos depois, mas apenas as horas, durante a semana.
aqui, um aparte: dessa forma, a direção não teria que abrir a escola aos sábados para que fizéssemos uma reposição de verdade. e eu, correndo o risco de ser apedrejada, acredito em reposição de verdade.
na prática, a coisa aconteceria assim: os professores grevistas se dividiriam em dois grupos e alternariam o dia de greve, dia sim, dia não, os alunos seriam atendidos na sua totalidade ainda que sem nenhuma qualidade e enlouquecimento total dos 3 professores presentes no dia (somos 7 no total), que teriam de dar conta de todo um turno sozinhos.
reagi de uma forma que nunca esperei: voltei atrás. fui desonesta e usei a proposta dele para me dar um suporte. pior, não tive sequer coragem de me posicionar enquanto ele estava na sala. fiquei intimidada, não tive coragem de contar a ele o absurdo que achei daquela proposta, o quanto ele estava sendo desonesto por, na frente do comando de greve apoiar totalmente o movimento e depois vir com uma daquelas... fui cuzona. isso mesmo: cuzona.
saí da escola achando que tinha sido a melhor decisão. e depois, de novo em casa sozinha, fiquei pensando e repensando em tudo e me dando conta de que sim, eu podia ter mudado de ideia, mas devia ter tido coragem para ser honesta com meus amigos de trabalho. e que eu devia ter dito tudo que pensava, naquele momento mesmo, ao diretor. ainda que eu tivesse que ouvir que sou briguenta e não sou fácil de lidar. a sensação de não ser aceita do jeito que sou seria bem mais fácil de lidar do que essa sensação de não ter sido quem eu sou, ou pior ainda, a sensação de "será que é essa que sou eu?".
volto agora ao começo do post. não tenho direito de usar nenhuma dor, por mais antiga e legítima que seja, para justificar a minha covardia.

domingo, 14 de abril de 2013

esse tal de respeito

dois exemplos (reais, mas com alguma dramatização).
primeiro:
pessoa 1: te liguei pq hoje vai ter uma festa super, várias pessoas legais, lá na pqp de rodinha, vamos?
pessoa 2 (eu): ah, não tô afim...
pessoa 1: vamos, por favor, vai ser tão legal... mas pq vc não quer?
pessoa 2 (eu): pq eu não tô com vontade.
pessoa 1: ai, vamos, larga a mão de ser velha!
e nesse pique, a conversa se estende por assustadores 10 minutos. e mesmo que se mude de assunto, a pessoa invariavelmente:
vc tem certeza que não quer ir mesmo? vamos, vai.
segundo:
pessoa 1 (eu): te liguei pq hoje vai ter uma festa super, várias pessoas legais, lá na pqp de rodinha, vamos?
pessoa 2: ah, não tô afim...
pessoa 1 (eu): tá bom.

não, não sou uma santa, munida de paciência suprema (bem ao contrário), mas se tem algo que eu aprendi muito a respeitar foi a vontade alheia. aprendi que por mais que eu queira muito, não posso controlar o desejo do outro em relação a nada.
tem dia que dói e dá raiva. ou dava e doía, pq desde que comecei a aplicar esse princípio em várias coisas da vida... a dor, a raiva, a mágoa diminuíram.
com a minha filha. cada vez que ela não quer fazer o mesmo que eu, ou que tem alguma ideia diferente, ou quer ir por outro caminho, a gente conversa, troca ideias. se ela mudar, bom. as vezes, mudo eu o jeito de pensar. e as vezes nenhuma das duas muda, o que está bom, já que ELA É MINHA FILHA MAS NÃO É UMA EXTENSÃO DE MIM OU DAS MINHAS VONTADES. tem 15 anos. e se me lembro bem, com 15 anos eu desejava respeito.
ainda desejo. pq mesmo depois que a gente cresce, tem que lutar por isso o tempo todo. e não é "pq vc não se dá ao respeito", como se diz por aí. é pq aquele negócio que tem na cabeça das pessoas mas que se localiza no meio da barriga (o umbigo) constantemente faz com que ela se esqueça que o outro é ... outro.
daí bem aqui no meio do meu post eu lembrei do verme que enfiou a mão na saia da outra. ele não sabia se a outra queria, mas supôs, graças a sua visão totalmente distorcida dos direitos que possui, e fez. a outra, por sua vez, teve seu direito de não ter uma mão estranha na buceta dela, que não teve permissão para estar ali, totalmente desrespeitado. eu teria baixado o cacete no cara. ou, mais provável, ficaria tão chocada que voltaria chorando pra casa.
opa, mas espera: já enfiaram a mão em mim. eu tinha 16 anos, estava no metrô apertadíssimo e um cara achou que eu precisava de um carinho. desci tanta guardachuvada nele que, espero, ele nunca mais tenha ousado acarinhar alguém sem consentimento. pq isso é uma violência.
e eu posso ter me tornado uma grande xiita, mas forçar alguém, em qualquer circunstância a fazer o que não quer, é uma violência.




segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

quem me vê sempre parado, distante, garante que eu não sei sambar

esse carnaval está sendo de respeito.
a minha vontade, a vontade da bea.
funciona assim: ao invés de sairmos por aí fazendo o que acham que deveríamos fazer, fazemos o que queremos.
para mim, o carnaval menos carnavalesco de todos os tempos. sem bloco, sem desfile, sem samba. e tudo bem.
para a bea, um desfile pela tv que ela não resiste à fantasia.
teve festa no apê com as amigas dela. filme de terror, pizza, dormir no chão fazendo bagunça.
shopping, coisa bem paulistana a qual eu resisto mas que fiz dessa vez sem culpa. visitar a avó, churrasco do mais sossegado e gostoso na casa da amiga, jantar na casa do outro, café da manhã numa outra e parque.
e livro, revistas, séries e filmes. limpeza na casa, lavagem de roupas, cuidado com a alimentação.
que nem só de arregaço vive o homem!
(mas se quiser também, cada um com suas escolhas. sem cobrança que não aguento mais!)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

quando a intimação chegou hoje, senti o habitual disparar do coração.
uma raiva surda, mesclada àquele velho desespero. à sensação de tudo está perdido agora.
daí eu lembrei do tio nei. e respirei.
e respirei de novo.
quase glória, saí resolvendo tudo. mais ou menos.
pq é necessário ter paciência. e já aprendi que a tal da vitória não está garantida no final do caminho. por mais clichê que seja, as derrotas acontecem.
a diferença é que agora dá pra lidar com elas.
outra vez, eu respirei.
e percebi que já quero voltar a ir ao cinema sozinha.
e que posso ter uma conversa sozinha com a minha grande amiga, até sentar sozinha com ela em qualquer lugar, como nos velhos tempos, sem me sentir constrangida por ter sido tão molenga.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

só pra dizer que a gente tá na área novamente
com o melhor do melhor,
as vezes um pouco pior
mas de volta, inteira
e um pouco de volta ao começo também