terça-feira, 23 de setembro de 2014

saí de sala de aula ano passado jurando que não voltaria nunca mais. eu sabia que não era verdade. além de ser uma pródiga mudadora de ideias, ainda havia fatores além da minha vontade de controle.
posso dizer que não gosto mais de dar aula há uns bons anos. talvez 2010, 2009, por aí. e quando tento precisar os motivos, percebo que a aula em si não é um deles. é tudo culpa do diabo da estrutura.
pois bem, voltei há menos de um mês. não tem um final mágico e feliz em que redescobri a minha paixão e, repentinamente, voltei a amar. não. mas também não tem sido um sofrimento.
claro, preciso respirar fundo várias vezes ao dia. meus alunos tem 4 anos, e é sabido que crianças nessa idade são extremamente egocêntricas, sem contar que comem catota.
a escola tá um caos. a reforma, o descaso de sempre dá administração local, a falta de materiais adequados, de estrutura, a impossibilidade de praticar uma concepção de educação infantil me tiram do sério.
mas eu respiro.
tenho treinado a paciência. com os gestores, a boca fechada. não é covardia, apatia ou falta de vontade para a luta. é reconhecer que nesse momento, essa briga não vai resolver nada. ano que vem eles vão embora e daí, com os novos, a gente constrói e, talvez, sem que a briga seja necessária.
também treino a paciência com os alunos. minha praticidade as vezes exige mais do que eles podem me dar. me seguro, lembrando que gentileza e, principalmente, uma educação não opressora serão de maior utilidade do que gritos. me descompenso as vezes... tenho alguns lutadores de boxe na sala que me tiram do sério.
tenho pensado muito sobre essa máxima do paulo freire: quando a educação não é libertadora, o oprimido se torna opressor (mais ou menos isso). lidei na prática com isso, diariamente, no meu trabalho na secretaria. foi bom. me esforço mais para não ser uma opressora (minha educação não foi libertadora) e para trabalhar estimulando a autonomia dos meus pares (alunos incluídos no "pares").
o trabalho na secretaria foi bom, como já escrevi. tive inúmeros motivos para sair, mas o principal, esclarecendo quaisquer dúvidas que por ventura ainda existam: pq eu quis.
diferente do que ocorria há um mês, agora levanto com vontade de ir trabalhar. aprovada no concurso, espero ser chamada para o segundo cargo ano que vem. opa, mas o quê??? eu disse que nunca mais acumularia!
a vida muda. e besteira se manter irredutível em uma decisão tomada há 8 anos. preciso do dinheiro. bea cresceu e passa o dia fora de casa. acho um tédio ficar aqui nessa calmaria sem fazer nada.
lembrei daquele livro que li com uns 13 anos: "com licença, eu vou à luta". de novo e quantas vezes mais for preciso.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

"eu ainda carregaria o anel por você"

hoje fui ler aquele livro para meus alunos e me senti muito triste quando li sua dedicatória.
e me senti mais triste ao ler a história.
não quero que vc me entenda mal. não foi raiva. tampouco culpa.
pq no que diz respeito a nós, embora eu me envergonhe tremendamente de alguns erros que cometi, consigo ver claramente o outro lado. nunca e em nenhum aspecto, essa história foi uma via de mão única. isso não significa que te culpe por qualquer coisa. eu entendo, e entendo de verdade. as vezes, acho que entendo mais do que vc, e principalmente, mais do que vc me entende. isso não é uma acusação, não entenda assim. só penso que vc pensa que todos os erros foram meus.
a gente se fala muito pouco.
eu penso em você todos os dias da minha vida e muito mais do que apenas uma vez em cada um deles.
tenho muita saudade.
não sei se dá pra voltar ao que era. eu queria que desse. não quero uma coisa formal, de eventos. quero o dia a dia. quero te mandar e-mails imensos por qualquer motivo bobo e receber respostas imensas que traduzam exatamente aquilo que não consegui dizer. que responda antes que eu saiba qual é a pergunta. preciso que vc me conte o que acontece na sua vida. pq a minha memória é tão fraca quanto a minha firmeza de opiniões, e eu começo a me esquecer de um monte de detalhes sobre vc que eu não deveria/queria esquecer nunca.
quero sentir raiva quando vc fizer alguma coisa contra vc mesma, embora eu espere que vc não faça mais isso. não quero sentir raiva pq me sinto de lado, ou injustiçada, ou esquecida.
quero dançar com vc até o dia nascer, deitar na grama e ficar em silêncio, conversar loucamente sentada numa mesa de boteco, ter uma escova de dentes na sua casa, rir das nossas piadas que a gente repetia infinitamente... (nossa história, como outras, é tão cheia desses bons clichês!)
eu queria aquilo que a gente tinha de volta.
e tudo bem se vc não quer. mesmo assim, eu precisava te dizer como me sinto.
eu tbm não espero uma resposta. eu só queria dizer e tentar ser honesta, pq esse é um lance difícil pra mim. não que eu seja desonesta. só me preocupo demais em agradar e em não fazer o movimento errado, sabe? tenho medo, sou cuzona. tô tentando melhorar, juro.
acabei de ler "as vantagens de ser invisível" e a sam, melhor amiga do charlie, dizia pra ele quanto ele precisa estar presente. e dizer e fazer o que deseja. foi meio que o me motivou a escrever isso aqui. pq faz muito tempo que não digo/faço o que sinto.
se estivesse escrevendo pra outra pessoa, não contaria do livro, pq essa é uma coisa nossa. aliás, tava planejando seu presente de aniversário e quero, claro, um livro no meio e me toquei, o que achei muito triste, que não sei mais quais os livros que vc já leu. estou procurando o do neil gaiman que te falei e sei que vc vai amar, mas se eu não achar, não sei qual outro pode ser. pq essa é mais uma das coisas sobre as quais a gente não conversa.
a gente não conversa.
é exagero? pq é tão pouco, tão espaçado. tenho lido naqueles mêmes do face que quando se é amigo de verdade, não importa o tempo distante, as coisas continuam como se o último encontro tivesse sido no dia anterior. não é assim com a gente. mas eu acho que a gente é de verdade, tão de verdade que a gente não consegue usar essa desculpa aí desse même. eu fico fantasiando que a gente se quer todo dia e por isso tem a mágoa pela distância. quer dizer, eu fico fantasiando a sua parte, pq a minha eu sei que é assim.
falando mais a verdade do que eu pretendia dizer no começo, eu finjo que não me importo. que tá tudo bem. mas não está. tá muito ruim isso  pra mim.
eu espero que vc me perdoe e sei que não tem justificativa pras coisas que fiz.
eu te amo. e no fim de todas as coisas, eu ficaria bem se estivesse com vc.