domingo, 26 de maio de 2013

deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo

já tentei quase tudo nessa vida em termos de religião.
algumas coisas, nem foi por conta própria, pelo menos no início. lá de onde eu nem tenho memória, sei que teve um batizado na igreja católica e outro no terreiro de umbanda, os dois quase ao mesmo tempo, na mesma época. coisas da minha vó maria, mulher porreta que encontra Deus em todos os lugares em que vai.
na infância, fiz catequese, chatíssima por sinal. todo sábado de manhã tendo aulas que eu não entendia. me lembro que entendia tão vagamente o conceito de pecado que, momentos antes da primeira comunhão, não sabia o que confessar ao padre. e depois, com a penitência em mãos, também não entendia o que tinha que pagar... até que uma amiga me fez ajoelhar e fingi que rezava, pq já havia esquecido qual era o preço dos meus pecados.
na adolescência, me revoltei com Deus. não tinha grande apreço por nenhuma religião e achava tudo uma grande fantasia dos homens. passei anos atéia, mas uma atéia em dúvida. nunca tive certeza de que Deus não existia. eu acreditava que não, mas certeza não tinha, e olha que interessante: essa crença me exigia fé, eu que achava que não tinha esse material.
já adulta, comecei a frequentar um centro espírita aqui perto de casa. ia sábado pela manhã, assistia palestras, tomava passes... acho bacana essa dinâmica de pessoas orando pelo bem de outra. é bonito, não é egoísta, deixa a gente um pouco longe do individualismo que não nos deixa pensar nos outros. mas daí, assisti uma palestrante metendo o pau em outras religiões e fiquei tão puta que nunca mais voltei.
e ironia da vida, fui parar numa igreja evangélica. ironia pq como é sabido, khaleesi, evangélicos acham que só eles estão corretos e só eles estão salvos (salvos de quê, senhor-da-glória-infinda!). ali, me joguei. me batizei novamente, pela primeira vez por escolha, apesar de não acreditar que era necessário: Deus sempre nos reconhece, oras. pensar que ele repudia alguém, dentro da doutrina dessas igrejas, é só mais um dos muitos enganos cometidos.
acabei deixando também a igreja evangélica, e o engraçado é que nem foi por falta de fé. foi por excesso mesmo. eu não via mais no discurso majoritário dentro desses espaços a coisa que pra mim deveria ser a mais importante: o amor pelos outros (por favor, não me acusem de pieguice).
nesses anos longe, tenho pensado um bocado sobre Deus. e percebi que não importa a forma que dão pra ele, ou que eu dou pra ele. essa mania de ter razão é tão irritante quanto desnecessária. percebi que gosto mesmo é do jeito da minha avó de crer.
por isso que, agora, vou experimentar o budismo.

p.s.: ainda não sei o que confessar para o padre.

Um comentário:

  1. Tata, esta angustia é partilhada com muita gente, o que tenho aprendido é que o problema é o "ismo", que os homens colocam em tudo. Budha foi "o Cara", falou coisas incriveis, inclusive deixou claro que ele era um homem normal como qualquer um. ponto. ele morreu, construiram milhoes de estatuas e protocolos, procedimentos, inverteram o que ele disse e virou um Deus. Estive em algumas sessoes de palestras do dalai Lama que é um cara bom, mas a maior parte do tempo ele defendia a versao de budismo dele (pois existem no minimo 3 linhas), e respondia perguntas dignas de um consultor sentimental como: O Budha pode aparecer para mim em meus sonhos? Onde está o corpo de Budha? etc... é o homem, o homem... se possivel apenas leia Budha sem aderir a nenhum "ismo", boa sorte em sua jornada...

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