eu era fogo. mesmo. desde o começo, pensava muito em sexo. sempre gostei, até demais e isso sempre consumiu muita energia. sexo, amor, homens, casos, namoros, paixões. energia que eu poderia ter direcionado para coisas mais produtivas, sinceramente.
mas a gente é criada para um ideal romântico, né? e ainda que no meu caso, eu não tenha sido criada exatamente para a coisa do conto de fadas, do príncipe se casando com a princesa no final, eu decididamente aprendi ao longo da vida que não é possível viver e ser feliz sem um par romântico. ainda que os exemplos ao meu redor gritassem, berrassem que não era possível ser feliz COM um par romântico.
(estou falando de exemplos familiares)
onde foi o pulo do gato? perceber justamente isso. que as pessoas não eram felizes com o raio do par romântico. gerava angústia, ciúmes terríveis, falta de liberdade, dores, traições. dor, dor, dor. o tal do amor não vai bem, na minha humilde opinião. acredito piamente que o modo como tratamos as relações amorosas está grotescamente equivocado.
olha eu aqui: alguns poucos namoros (3), outros poucos casos (1), muitas ficadas (incontáveis).sem felicidade. anos intercalando alguns momentos de alegria e prazer com muitos de angústia. e nenhuma paz.
em algum ponto que não sei bem qual foi, decidi celibatar. não foi assim, consciente, ao menos não a princípio.
deprimi (blábláblá que vcs estão cansados de ler) e engordei. talvez eu tivesse engordado mesmo sem deprimir. acho provável. eu gosto pra porra de comer pra porra. engordando, senti vergonha de tirar a roupa. a gorda gordofóbica. daí pra não dar em cima de ninguém e não dar atenção para quem desse em cima de mim, foi um pulo.
passei 3 anos sem trepar e sem elaborar o motivo. só não era uma angústia. até era um pouco, as vezes, meio que por cobrança minha de "como pode ficar assim tanto tempo". daí, dei. e dei gorda. e daí a gordofóbica saiu e para os outros gordofóbicos, conto com prazer que foi tão bom trepar gorda quanto trepar magra. tirou a nóia toda da minha cabeça e percebi o que eu já sabia pq valia para mim em relação aos caras gordos ( o preconceito era do pior tipo - "autopreconceito"): era prazeroso do mesmo jeito.
ok, agora deixamos de lado a questão da insegurança com o corpo. continuei sem querer trepar depois e lá vou eu novamente alcançando a marca de um ano. e qual o motivo?
estou chata. exigente. não, mentira. acho apenas que existem algumas restrições, ou alguns defeitos que não estou disposta a tolerar, tipo: machismo.
estava conversando com bea, e a pessoa, do alto de seus 17 anos, me sai com essa: "não vou ficar com ele. não vou ficar com um cara que trata as mulheres como objetos" (achei muito inteligente da parte dela). ela se referia a um menino com o hábito de trair todas as mulheres com quem se relacionava.
pá. tapa na cara. eu, com meus 37, desejando exatamente um tipo que ela, tão cedo, já tinha descoberto que não compensa.
não to falando de relacionamento aberto, poliamor. estou falando do tipo que se coloca num relacionamento sério e faz o fiel, mas... preciso completar? estou falando do tipo desonesto. do tipo que trata mulheres como objetos.
mas não é só desse tipo de machismo que estou falando. falo tbm daquele que diz pro filho "pára de se comportar como mulherzinha". daquele que não compartilha a criação dos filhos, achando que é função apenas da mulher. daquele que chega em casa depois de um dia de trabalho, ele e a mulher, e exige que a mulher faça o jantar. sozinha.
não aguento. não suporto. não tenho paciência, não quero educar.
percebem o meu problema? pq são poucos, bem poucos. e ademais, a culpa não é só deles, pq olha só.
descobri que se não trepo/não me apaixono/não me envolvo, fico mais equilibrada. direciono minha energia para coisas mais importantes. fico em paz. fico feliz, mais feliz do que estive em qualquer relacionamento amoroso. QUALQUER UM DELES.
eu sei, eu sei, alguns vão dizer que não se pode ser feliz sozinho. que estou abrindo mão do amor, do toque, da pele.
lamento muito, mas acho realmente que a limitada não sou eu.
limitados são aqueles que não respeitam a diferença e que acham que apenas seu modo de pensar/sentir é o correto.
tem muita coisa na vida, gente. muitos jeitos diferentes de se encarar o amor.
estou gostando muito de mim desapaixonada (romanticamente falando). nesse momento, meu amor maior é o próprio.
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